Um miserável pecador salvo por Jesus Cristo!

quarta-feira, 31 de maio de 2017

As Dez Marcas do Homem Carnal

por Rev. Richard Baxter



Os sinais de um homem carnal são estes:

1. Quando um homem em seu desejo de agradar seu apetite, não faz isto visando um objetivo mais elevado, ou seja, a sua preparação para o serviço de Deus, mas somente para seu próprio prazer (claro que ninguém faz tudo conscientemente visando o serviço de Deus. Entretanto, uma vida gasta no serviço de Deus é ausente do prazer carnal, de maneira geral).

2. Quando ele procura mais ansiosa e diligentemente a prosperidade do seu corpo do que de sua alma.

3.Quando ele não se abstêm de seus prazeres, mesmo quando Deus os proíbe ou quando ferem sua alma, ou quando as necessidades de sua alma clamam que os deixe. Mas ele tem que ter seu prazer, não importa o que lhe custe; e é tão persistente nisto, que não o pode negar.

4. Quando os prazeres da carne excedem os deleites em Deus, Sua Santa Palavra e caminhos, e as expectativas de prazer infinito. E isto não só na paixão, mas na estima, escolha e ação. Quando ele prefere estar em um jogo, ou festa, ou outro entretenimento, ou adquirindo boas pechinchas ou lucros do mundo, do que viver na vida de fé e amor, que seria um modo santo e divino de viver.

5. Quando os homens fixam suas mentes em planejar e estudar para fazer provisão para os prazeres da carne e isto ocupa o primeiro lugar em seus pensamentos e lhe é prazeroso.

6. Quando eles conversam, ou ouvem, ou lêem mais coisas agradáveis à carne do que àquelas que deleitam o espírito.

7. Quando eles amam a companhia de pessoas carnais, mais do que a comunhão dos santos, nos quais eles poderiam ser exercitados no louvor ao Seu Criador.

8. Quando eles consideram que o melhor lugar para viver e trabalhar é onde eles podem satisfazer sua carne. Eles preferem estar onde têm coisas fáceis e onde nada falta para o corpo, do que em lugares onde têm muito melhor ajuda e provisão para a alma, apesar da carne ser atormentada por isso.

9. Quando ele está mais disposto a gastar dinheiro para agradar sua carne, do que para agradar a Deus.

10. Quando ele não acredita ou gosta de nenhuma doutrina exceto a "crença-fácil" (isto é, a fé que não requer obediência aos ensinos bíblicos) e odeia a mortificação, que classifica como "legalismo" muito rígido. Por estes sinais e outros semelhantes, podemos facilmente conhecer o homem carnal.

Tradução: Tânia Gueiros

Revisão: Rev. Joás Gueiros Via: http://introduoteologica.blogspot.com.br/search/label/Vida%20Piedosa Soli Deo Gloria Maxon Nogueira

segunda-feira, 29 de maio de 2017

A Incapacidade de Ir a Cristo

Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia (João 6.44)

Por 

Robert Murray M'Cheyne


Quão surpreendente é a depravação do homem natural! As Escrituras nos ensinam isso abundantemente. Todo pastor fiel levanta a sua voz como uma trombeta, para mostrar isto às pessoas. E a primeira obra do Espírito Santo, no coração, é convencer do pecado.

Na Palavra de Deus, não existe uma descoberta mais terrível sobre a depravação do homem natural do que estas palavras do evangelho de João. Davi afirmou: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). Deus falou por meio do profeta Isaías (48.8): “Eu sabia que procederias mui perfidamente e eras chamado de transgressor desde o ventre materno”. E Paulo disse: “Éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.3). Mas nesta passagem de João somos informados de que a incapacidade do homem natural e sua aversão por Cristo são tão grandes, que não podem ser vencidas por qualquer outro poder, exceto o poder de Deus. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.44). Nunca houve um mestre como Cristo. “Jamais alguém falou como este homem” (Jo 7.46).

Ele falava com muita autoridade, não como os escribas, mas com dignidade e poder celestial. Ele falava com grande sabedoria. Falava a verdade sem qualquer imperfeição. Seus ensinos eram a própria luz proveniente da Fonte de Luz. Ele falava com bastante amor, com o amor dAquele que estava prestes a dar a sua vida em favor de seus seguidores. Falava com mansidão, suportando a ofensa contra Ele mesmo vinda dos pecadores, não ultrajando quando era ultrajado. Jesus falava com santidade, porque era Deus “manifestado na carne”. Mas tudo isso não atraía os seus ouvintes. Nunca houve um dom mais precioso oferecido aos homens. “O verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá... Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede” (Jo 6.32, 35).

O Salvador de que as pessoas condenadas necessitavam estava diante delas. Sua mão lhes foi estendida. Ele estava ao alcance delas. O Salvador ofereceu-lhes a Si mesmo. Oh! Que cegueira, dureza de coração, morte espiritual e impiedade desesperadora existem na pessoa não-convertida! Nada pode mudá-la, exceto a graça do Todo-Poderoso. Ó Homem destituído da graça de Deus, seus amigos o advertem, os pastores clamam em voz alta, a Bíblia toda o exorta. Cristo, com todos os seus benefícios é colocado diante de você. Todavia, a menos que o Espírito Santo seja derramado em seu coração, você permanecerá um inimigo da cruz de Cristo e destruidor de sua própria alma. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer”.

Quão invencível é a graça de Jeová! Nenhuma criatura tem o poder de atrair o homem a Cristo. Exibições, evidências miraculosas, ameaças, inovações são usadas em vão. Somente Jeová pode trazer a alma a Cristo. Ele derrama seu Espírito com a Palavra e a alma sente-se alegre e poderosamente inclinada a vir a Jesus. “Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, no dia do teu poder” (Sl 110.3). “Acaso, para o Senhor há coisa demasiadamente difícil?” (Gn 18.14.) “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do Senhor; este, segundo o seu querer, o inclina” (Pv 21.1).

Considere um exemplo: um judeu estava assentado na coletoria, próxima à porta de Cafarnaum. Sua testa estava enrugada com as marcas da cobiça, e seus olhos invejosos exibiam a astúcia de um publicano. Provavelmente ele ouvira falar de Jesus; talvez o tivesse ouvido pregando nas praias do mar da Galiléia. Mas seu coração mundano ainda permanecia inalterado, visto que ele continuava em seu negócio ímpio, assentado na coletoria.

O Salvador passou por ali e, olhando para o atarefado Levi, disse-lhe: “Segue-me!” Jesus não disse mais nada. Não usou qualquer argumento, nenhuma ameaça, nenhuma promessa. Mas o Deus de toda graça soprou no coração do publicano, e este se tornou disposto. “Ele se levantou e o seguiu” (Mt 9.9). Agradou a Deus, que opera todas as coisas de acordo com o conselho da sua vontade, dar a Mateus um vislumbre salvador da excelência de Jesus; a graça caiu do céu no coração de Mateus e o transformou. Ele sentiu o aroma da Rosa de Sarom. O que significava o mundo agora para ele? Mateus não se importava mais com os lucros, os prazeres e os louvores do mundo. Em Cristo, ele viu aquilo que é mais agradável e melhor do que todas essas coisas do mundo. Mateus se levantou e seguiu a Jesus.

Aprendamos que uma simples palavra pode ser abençoadora à salvação de almas preciosas. Frequentemente somos tentados a pensar que tem de haver algum argumento profundo e lógico para trazer as pessoas a Cristo. Na maioria das vezes colocamos nossa confiança em palavras altissonantes. No entanto, a simples exposição de Cristo aplicada ao coração pelo Espírito Santo vivifica, ilumina e salva. “Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6). Se o Espírito age nas pessoas, estas simples palavras: “Segue a Jesus”, faladas em amor, podem ser abençoadas e salvar todos os ouvintes.

Aprendamos a tributar todo o louvor e glória de nossa salvação à graça soberana, eficaz e gratuita de Jeová. Um falecido teólogo disse: “Deus ficou tão irado por Herodes não lhe haver dado glória, que o anjo do Senhor feriu imediatamente a Herodes, que teve uma morte horrível. Ele foi comido por vermes e expirou. Ora, se é pecaminoso um homem tomar para si mesmo a glória de uma graça tal como a eloquência, quão mais pecaminoso é um homem tomar para si a glória da graça divina, a própria imagem de Deus, que é o dom mais glorioso, excelente e precioso de Deus?” Quantas vezes o apóstolo Paulo insiste, em Efésios 1, que somos salvos pela graça imerecida e gratuita? E como João atribui toda a glória da salvação à graça gratuita do Senhor Jesus — “Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados... a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” (Ap 1.5, 6).

Quão solenes foram as palavras de Jonathan Edwards, em sua obra Personal Narrative (Narrativa Pessoal)!

“A absoluta soberania e graça gratuita de Deus, em demonstrar misericórdia àquele para quem Ele quer expressar misericórdia, e a absoluta dependência do homem quanto às operações do Espírito Santo têm sido para mim, frequentemente, doutrinas gloriosas e agradáveis. Estas doutrinas têm sido o meu grande deleite. A soberania de Deus parece-me uma enorme parte de sua glória. Tenho sentido deleite constante em aproximar-me de Deus e adorá-Lo como um Deus soberano, rogando-Lhe misericórdia soberana”.

Ao sentir-me à graça um grande devedor Sou constrangido sempre, a todo instante! Que esta graça, com algemas, meu Senhor, Prenda somente a Ti meu coração hesitante.
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Robert Murray M’Cheyne (1813-1843) foi ministro de St Peter’s Church Dundee, Escócia (1836-1843). Foi um piedoso pastor evangélico e evangelista com grande amor pelas almas.
A DOUTRINA DA IGREJA — OS MEIOS DE GRAÇA

Por Joel Beeke
O apóstolo Paulo declara: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9). De onde vem esta fé? Como esta dádiva de Deus é concedida ou comunicada? A resposta, proveniente do Cristianismo histórico, é que ela vem de Deus e dos meio de graça que Cristo designou em Sua igreja. Todas as ordenanças, ou coisas ordenadas por Cristo (Mateus 28:20), estão em vista nesta resposta, mas os meios primários são a Palavra de Deus, as Sagradas Escrituras, “que podem tornar-te sábio para a salvação” (2 Timóteo 3:15). Davi exalta o poder salvífico da Palavra, declarando que “A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma” (Salmos 19:7).

Não há conflito entre a fé na soberania de Deus e o uso dos Seus meio apontados para obter o que Ele promete para nós. Como Deus, o Espírito Santo é livre para operar quando, onde, e como Lhe apraz, com ou sem o uso de meios. Apesar disto, os meios de graça são recomendados a nós pelo próprio fato de que o Deus soberano nos ordenou que os usássemos.

Uma distinção precisa ser feita entre a bondade de Deus mostrada a todas as criaturas, por meio da qual Ele derrama boas dádivas sobre toda a humanidade, tanto a justos quanto a injustos, e aquela graça especial e salvadora comunicada apenas para os eleitos de Deus. A Bíblia afirma, “O SENHOR é bom para todos, e as suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras” (Salmos 145:9). Contudo, “Mostra a sua palavra a Jacó, as suas leis e os seus preceitos, a Israel. Não fez assim a nenhuma outra nação; todas ignoram os seus preceitos” (Salmos 147:19-20).

A singularidade das Escrituras como um meio de graça encontra-se na sua própria natureza: “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hebreus 4:12). Contudo, por causa da descrença, ignorância, e escuridão dos nossos corações caídos e corrompidos, apenas o Espírito Santo é que torna a leitura e a pregação da Palavra efetiva como um meio de graça, usando a palavra para iluminar a nossa escuridão, operando fé nos nossos corações, e nos habilitando para receber a Cristo como Salvador, e para servi-lo como Senhor.

Outros meios de graça estão subordinados à Palavra de Deus. O Santo batismo e a Ceia do Senhor são a Palavra de Deus tornada visível para confirmar a verdade das promessas de Deus para nós. A oração é um meio pelo qual estas promessas são invocadas por crentes, para “recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4:16). O louvor é um meio pelo qual a graça de Deus, a Palavra de Cristo habitando em nossos corações, é derramada em ações de graças para Deus, conforme nós cantamos os “salmos, e hinos, e cânticos espirituais”, incluídos no cânon da Escritura, e sendo dirigidos pelo Espírito Santo (Efésios 5:18-21; Colossenses 3:16).

Nós nunca devemos atribuir eficácia aos próprios meios, por si mesmos, ou apenas ao puro uso deles. A água do batismo não pode lavar os pecados. O pão e o vinho da Ceia do Senhor não são e não podem se tornar a carne e o sangue vivificadores de Cristo. O Cristianismo de um homem não pode ser medido pelo número de sermões que ele ouviu, ou orações que ele recitou. É possível realizar todas as coisas certas, contudo sem um coração crente: “tudo o que não provém de fé é pecado” (Romanos 14:23). Ainda assim, aqueles que creem que Deus instituiu estes meios de graça, fazem diligente uso deles.

A igreja precisa conceder um lugar de destaque à boa pregação sonora da Palavra. Os seus membros devem ouvir tal pregação com fé e submissão, desejando conhecer, crer, e obedecer a vontade de Deus revelada através dela. Os sacramentos devem ser administrados apenas em conjunto com tal pregação, e precisam ser recebidos em fé por todos que irão se beneficiar deles. Para orar eficazmente, as nossas mentes precisam estar cheias com a verdade da Palavra de Deus. Para louvara de maneira aceitável, os nosso corações precisam estar preenchidos com a Palavra de Cristo e com o Espírito Santo.
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​Quadragésimo oitavo artigo da série "Grandes Doutrinas da Fé Cristã Reformada". Publicado com autorização
* The Reformation Heritage KJV Study Bible, Joel R. Beeke (editor geral), Reformation Heritage Books (RHB), Grand Rapids, Michigan, 2014, “List of In-Text Articles”. http://kjvstudybible.org