Um miserável pecador salvo por Jesus Cristo!

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Por que eu sou cessacionista


por Thomas R. Schreiner

Não estou escrevendo sobre este assunto porque tenho a resposta final sobre os dons espirituais, pois a matéria é difícil e há cristãos que amam a Deus e a Bíblia e que divergem. Os leitores devem saber que Sam Storms e eu somos amigos. Nós amamos um ao outro, mesmo que discordemos em uma questão secundária ou terciária, enquanto que, ao mesmo tempo, defendemos a importância da verdade. Ao longo dos anos eu me tornei convencido de que alguns dos chamados dons carismáticos não são mais dados e que eles não são uma característica regular da vida na igreja. Estou pensando particularmente nos dons de apostolado, profecia, línguas, cura e milagres (e, talvez, discernimento de espíritos).

Por que alguém pensaria que alguns dos dons foram retirados? Vou argumentar que tal leitura se encaixa melhor com a Escritura e com a experiência. A Escritura tem prioridade sobre a experiência, pois é a autoridade final, mas a Escritura deve também se correlacionar com a vida, e as nossas experiências devem nos provocar a reexaminar, novamente, se nós lemos a Bíblia corretamente. Nenhum de nós lê a Bíblia em um vácuo, e, portanto, temos de voltar para as Escrituras repetidamente para garantir que a lemos fielmente.

Fundamento dos Apóstolos e dos Profetas

Paulo diz que a igreja é “[edificada] sobre o fundamento dos apóstolos e profetas” (Ef 2.20). Concluo que tudo o que precisamos saber para a salvação e santificação tem sido dado a nós através do ensinamento dos apóstolos e dos profetas, e que este ensinamento é encontrado agora nas Escrituras. Agora que Deus tem falado nos últimos dias através de seu Filho (Hb 1.2), nós não precisamos mais de palavras vindo dEle para explicar o que Jesus Cristo realizou em seu ministério, morte e ressurreição. Em vez disso, devemos “[batalhar], diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” através dos apóstolos e profetas (Judas 3).

Dito de outra forma, não temos mais apóstolos como Paulo, Pedro e João. Eles nos deram o ensinamento autorizado pelo qual a Igreja continua a viver até hoje, e que é o único ensinamento de que precisaremos até que Jesus volte. Nós sabemos que novos apóstolos não aparecerão, já que Paulo disse especificamente que ele era o último apóstolo (1 Co 15.8). E quando Tiago, irmão de João morreu (At 12.2), ele não foi substituído. Apóstolos, no sentido técnico, são restritos a aqueles que viram o Senhor ressuscitado e foram comissionados por ele, e ninguém desde os tempos apostólicos se encaixa em tais critérios. Os apóstolos foram designados exclusivamente para os primeiros dias da Igreja a fim de estabelecer a doutrina ortodoxa. Não há nenhuma justificativa, então, para dizer que ainda há apóstolos hoje. De fato, se alguém afirma ser um apóstolo hoje devemos ficar preocupados, pois tal afirmação abre a porta para os falsos ensinos e abusos de autoridade.

Se o dom do apostolado acabou, então os outros dons podem ter cessado também, uma vez que o fundamento foi lançado pelos apóstolos e profetas (Ef. 2.20). Concluo a partir deste ponto que o dom de profecia terminou também, pois os profetas identificadas aqui são do mesmo tipo dos que são mencionados em outro lugar (cf. 1 Co 12.28; Ef 3.5, 4.11). As igrejas primitivas não tinham o cânon completo das Escrituras por algum tempo, e, portanto, era necessário um ministério profético autoritário e infalível para estabelecer as bases para a igreja nos primeiros dias.

O argumento bíblico mais importante contra o que eu estou dizendo é a alegação de que a profecia do Novo Testamento (NT) é diferente da profecia do Antigo Testamento (AT), pois alguns dizem que a profecia do OT é impecável, mas a profecia do NT é misturado com o erros. Mas a ideia de que os profetas do NT poderiam cometer erros não é convincente por várias razões.

1) O ônus da prova recai sobre aqueles que dizem que a profecia no NT é de natureza diferente da profecia no AT. Profetas no AT só eram considerados profetas de Deus se eles fossem infalíveis (Dt 18.15-22), e o mesmo é quase certo no NT.

2)A advertência de julgar as profecias, em vez de profetas (1 Co 14.2932; 1 Ts 5.19-20) é muitas vezes alegado para mostrar que o dom é diferente no NT. Mas este argumento não é convincente, pois a única maneira de julgar profetas em ambos os Testamentos é por suas profecias! Nós só sabemos se os profetas não são de Deus se as suas profecias são falsas ou se suas palavras contradizem o ensino bíblico.

3)Nós não temos nenhum exemplo de um profeta NT que tenha errado. Ágabo não errou na profecia de que Paulo seria preso pelos judeus e entregue aos romanos (At 21.10-11). Dizer que ele errou exige mais precisão do que as profecias garantem. Além disso, depois que Paulo foi preso, ele apelou para as palavras de Ágabo, dizendo que ele foi entregue aos romanos pelos judeus (At 28.17), então é claro que ele não achava que Ágabo tinha cometido um erro. Ágabo falou as palavras do Espírito Santo (At 11.28; 21.11), por isso não temos nenhum exemplo no NT de profetas cujas profecias foram misturados com erro.

Alguns objetam que a minha visão de profecia é mal direcionada, já que havia centenas de milhares de profecias nos tempos do NT que nunca entraram no cânon. No entanto, esta objecção não convence, pois o mesmo era verdade no AT. A maioria das profecias de Elias e Eliseu nunca foram registradas ou inseridas nas Escrituras. Ou podemos pensar nos 100 profetas dispensados por Obadias (1 Re 18.4). Aparentemente nenhuma das suas profecias foram inseridas nas Escrituras. No entanto, todas as profecias eram completamente verdadeiras e não estavam misturadas com erro, pois de outro modo eles não teriam sido profetas (Dt 18.15-22). O mesmo princípio se aplica às profecias dos profetas do NT. Suas palavras não são registradas para nós, mas se eles foram verdadeiros profetas, então suas palavras foram infalíveis.

O que algumas pessoas chamam hoje de “profecias” são, na verdade, impressões de Deus. Ele pode usar impressões para nos orientar e nos conduzir, mas elas não são infalíveis e devem ser sempre testadas pela Escritura. Também deveríamos nos consultar com conselheiros sábios antes de agir sobre essas impressões. Eu amo meus irmãos e irmãs carismáticos, mas o que eles chamam de “profecia” hoje não é realmente o dom de profecia bíblico. Impressões dadas por Deus não são a mesma coisa que profecias.

E quanto às línguas?

O dom de línguas é uma questão mais difícil. Em Atos 2:1-4; (10:44-48; 19:1-7) este dom significa que o tempo do cumprimento chegou, quando as promessas da aliança de Deus estão sendo realizadas. 1 Coríntios 14.1-5 e Atos 2.17-18 também sugerem que as línguas interpretadas (ou compreendidas) são equivalentes à profecia. Parece, então, que a profecia e as línguas estão intimamente relacionadas. Se a profecia já passou, então as línguas já devem ter terminado bem. Além disso, é evidente, a partir de Atos, que o dom envolve o falar em línguas estrangeiras (At 2), e Pedro enfatiza, no caso de Cornélio e seus amigos que os gentios receberam o mesmo dom que os judeus (At 11.16-17).

Também não é persuasivo dizer que o dom em 1 Co 12-14 é de natureza diferente (ou seja, expressões de êxtase). A palavra línguas (glōssa) denota um código linguístico, uma linguagem estruturada, não uma vocalização aleatória e livre. Quando Paulo diz que ninguém entende aqueles que falam em línguas, porque eles proferem mistérios (1 Co 14.2), ele não está sugerindo que o dom aqui é diferente do que encontramos em Atos. Aqueles que ouviram as línguas em Atos entenderam o que estava sendo dito, porque eles conheciam as línguas em que os apóstolos estavam falando. Se ninguém conhecesse o idioma, então o orador que estava falando naquela língua falava mistérios. Nem 1 Co 13.1 (as línguas dos anjos) apoia a noção de que o dom de línguas consiste em expressões de êxtase. Paulo se utiliza de uma hipérbole em 1 Co 13.1-3. Ele claramente está exagerando quando se refere ao dom de profecia (1 Co 13.2), pois ninguém que profetiza sabe “todos os mistérios e todo o conhecimento” (NVI).

Eu acredito que o que está acontecendo nos círculos carismáticos hoje em relação às línguas é semelhante ao que vimos com a profecia. O dom é redefinido para incluir a vocalização livre, e então as pessoas afirmam ter o dom descrito nas Escrituras. Ao fazê-lo, eles redefinem o dom para acomodar à experiência contemporânea. As línguas contemporâneas são demoníacas, então? Eu acredito que não. Eu concordo com J. I. Packer que a experiência é mais uma forma de relaxamento psicológico.

Milagres e Curas

E quanto aos milagres e curas? Em primeiro lugar, eu acredito que Deus ainda cura e faz coisas milagrosas hoje, e devemos orar para tal. A Escritura não é tão clara sobre este assunto, e, portanto, estes dons poderiam existir hoje. Ainda assim, a principal função desses dons era para credenciar a mensagem do evangelho, confirmando que Jesus era Senhor e Cristo. Eu duvido que o dom de milagres e curas exista hoje, pois não é evidente que homens e mulheres em nossas igrejas tenham tais dons. Certamente Deus pode e realmente cura às vezes, mas onde estão as pessoas com esses dons? Afirmações de milagres e curas devem ser verificados, assim como o povo verificou a cura do cego de nascença em João 9. Há uma espécie de ceticismo biblicamente justificado.

Veja: Deus poderia, em situações missionárias de vanguarda, conceder milagres, sinais e prodígios para credenciar o evangelho como ele fez nos tempos apostólicos? Sim. Mas isso não é a mesma coisa do que ter esses dons como uma característica normal na vida contínua da igreja.

Se os sinais e maravilhas dos apóstolos voltaram, nós deveríamos ver os cegos voltando a enxergar, os coxos andando e os mortos ressuscitando. Deus cura hoje (às vezes de forma dramática), mas a cura de resfriados, gripe, ATM, estômago e problemas nas costas, e assim por diante, não estão na mesma categoria que as curas encontradas nas Escrituras. Se as pessoas realmente tem o dom da cura e milagres hoje, elas precisam demonstrar isso através da realização dos tipos de curas e milagres encontrados na Bíblia.

1 Coríntios 13.8-12 não contradiz sua opinião?

Vamos considerar uma objeção à noção de que alguns dos dons cessaram. Será que 1 Cotíntios 13.8-12 não ensina que os dons durarão até Jesus voltar? Certamente este texto ensina que os dons poderiam durar até a volta de Jesus. Não há um ensinamento definitivo na Bíblia de que eles cessaram. Nós até podemos esperar que eles durem até a segunda vinda. Mas vemos indícios de Efésios 2.20 e de outros textos que os dons tiveram um papel basilar. Concluo, então, que 1 Coríntios 13.8-12 permite, mas não exige que os dons continuem até a segunda vinda. E os dons, como são praticados hoje, não se encaixam com a descrição bíblica desses dons.

Por razões como essas os reformadores e a maioria das tradições protestantes até o século XX acreditavam os dons haviam cessado. Eu concluo que tanto as Escrituras como a experiência comprovam o seu julgamento nessa questão.

Thomas R. Schreiner é professor James Buchanan Harrison de interpretação do Novo Testamento e deão associado de Escrituras e Interpretação no The Southern Baptist Theological Seminary em Louisville, Kentucky.

Leia os argumentos da posição restauracionista aqui.

Tags: cessacionismo, dons, Espírito Santo, movimento carismático Via:http://reforma21.org/artigos/por-que-eu-sou-cessacionista.html Maxon Nogueira Soli Deo Gloria

Como ser Cheio do Espírito Santo

Como beber o vinho de Deus?
Efésios 5:18 diz: "E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito". Há, pelo menos, quatro efeitos de ser cheio do Espírito. Primeiramente, o versículo 19 mostra que o efeito é musical: "...falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor". É evidente que a alegria em Cristo é a característica peculiar de ser cheio do Espírito.
Mas não somente alegria. No versículo 20, encontramos a gratidão: "Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo". Gratidão perpétua, gratidão por tudo resulta de ser cheio do Espírito - e essa gratidão tem como alvo o vencer a murmuração, o descontentamento, a autocompaixão, a amargura, o queixume, a carranca, a depressão, a inquietação, o desânimo, a melancolia e o pessimismo!
Mas os efeitos não são apenas alegria musical e gratidão por tudo; há também a submissão de amor às necessidades uns dos outros - "sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo". Alegria, gratidão e amor humilde - essas são algumas das marcas de ser cheio do Espírito.
Poderíamos acrescentar um quarto efeito: ousadia no testemunho cristão. Podemos ver isto com mais clareza em Atos 4:31: "Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus". Nenhum crente deixará de ser ousado e zeloso no testemunho, se o Espírito Santo estiver produzindo nele alegria transbordante, gratidão perpétua e amor humilde. Oh! Como precisamos ser cheios do Espírito! Procuremos esse enchimento! Busquemo-lo!
No entanto, há uma pergunta crucial: como podemos buscá-lo? Comecemos com a analogia mais próxima: "Não vos embriagueis com vinho... mas enchei-vos do Espírito" (v. 18). Como você se embriaga com o vinho? Você o bebe... em grande quantidade. Então, como ficaremos embriagados (cheios) com o Espírito? Bebamos dEle! Bebamos em profusão. Paulo disse: "A todos nós foi dado beber de um só Espírito" (1 Coríntios 12:13). Jesus disse: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito" (João 7:37-39).
Como podemos beber do Espírito Santo? Paulo disse: "Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, [cogitam] das coisas do Espírito" (Romanos 8:5). Bebemos do Espírito cogitando das coisas do Espírito. O que significa "cogitar" das coisas do Espírito"? Colossenses 3:1-2 afirmam: "Buscai as coisas lá do alto... Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra". "Pensar" significa "procurar, dirigir a atenção para, preocupar-se com". Significa "ser dedicado a" e "absorvido com". Portanto, beber do Espírito significa buscar as coisas do Espírito, dirigir a atenção às coisas do Espírito, dedicar-se às coisas do Espírito.
Quais são "as coisas do Espírito"? Quando Paulo disse: "Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus" (1 Coríntios 2:14), estava se referindo aos seus próprios ensinos inspirados pelo Espírito (1 Coríntios 2:13) - especialmente seus ensinos a respeito dos pensamentos, planos e caminhos de Deus (1 Coríntios 2:8-10). Então, "as coisas do Espírito" são os ensinos dos apóstolos a respeito de Deus. Jesus também disse: "As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida" (João 6:63). Logo, os ensinos de Jesus também são "as coisas do Espírito".
Portanto, beber do Espírito significa cogitar das coisas do Espírito. E cogitar das coisas do Espírito significa dirigir nossa atenção aos ensinos dos apóstolos a respeito de Deus e às palavras de Jesus. Se fizermos isso por bastante tempo, ficaremos embriagados com o Espírito. De fato, ficaremos viciados no Espírito. Em vez de dependência química, desenvolveremos uma maravilhosa dependência do Espírito Santo.
Mais uma coisa: o Espírito Santo não é como o vinho, porque Ele é uma pessoa e livre para ir e vir aonde quer que deseje (João 3:8). Por isso, temos de acrescentar Lucas 11:13. Jesus disse aos seus discípulos: "Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?" Se queremos ser cheios do Espírito, temos de pedir isso ao nosso Pai celestial. E foi isso que Paulo fez pelos crentes de Éfeso. Ele pediu ao Pai celestial que aqueles crentes fossem "tomados [cheios] de toda a plenitude de Deus" (Efésios 3.19). Beba do Espírito e ore. Beba do Espírito e ore. Beba do Espírito e ore.

Via: 
http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/315/Como_ser_Cheio_do_Espirito_Santo

Maxon Nogueira
Soli Deo Gloria

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

As Doutrinas da Graça, resgatando o verdadeiro evangelho.

Já tinha lido esse livro desde a época do seu lançamento e agora pude lê-lo novamente. Diante de um evangelho fraco sendo pregado nas igrejas Brasil e mundo a fora, esse livro tem uma proposta muita interessante, trazer novamente a tona as grandes doutrinas da Graça. Aqueles que pensam que teologia reformada se resume a apenas 5 pontos deveriam ler esse livro.
Primeira parte
O livro traz uma abordagem histórica do calvinismo, e sua ênfase na Soberania de Deus, os autores do livro convida o leitor ter a noção do que as doutrinas da graça foi capaz de produzir na história, a Genebra de João Calvino uma cidade jogada as imundícias, violenta e imoral, e com a chegada do reformador francês tudo na cidade mudou a partir do momento em que a palavra de Deus na sua pureza fora pregada: a época dos puritanos ingleses que ajudaram a fundar grandes faculdades e influenciaram grandemente sua sociedade da época e por fim o grande despertamente na nova Inglaterra(EUA) mais precisamente numa das mentes mais brilhantes que os EUA já produziu, Jonathan Edwards com sua poderosa pregação, o grande despertamento mostra que as doutrinas da Graça quando seriamente pregadas a na dependência do Espírito Santo promove o verdadeiro avivamento. O calvinismo holandês floresceu poderosamente na pessoa de Abraham Kuyper, dono também de um intelecto brilhante, Kuyper influenciou muito o seu país criando partido político, faculdade, escolas cristãs e também foi um dos primeiro-ministros da Holanda. Kuyper nutria um amor e um desejo profundo pela glória de Deus, Kuyper apresentava o calvinismo como uma cosmovisão total de mundo e visão. Com a ascensão do arminianismo e obviamente a queda do calvinismo surgiu o liberalismo, vários pregadores não mais usavam as doutrinas da graça como mover sobrenatural de Deus e sim usava meios mundanos para forjarem avivamentos e produzir uma igreja fraca, o abandono da Soberania de Deus leva há um abandono geral da ortodoxia. Uma visão fraca como é o arminianismo provoca a queda na glória de Deus e em sua soberania e foca no humanismo, e vê no homem o centro do seu querer e de sua capacidade de escolher, a igreja atual está mergulhada nessa teologia fraca.
Segunda Parte.
Os 5 pontos do calvinismo são brilhantemente expostos de uma forma pura. Os autores expõe a doutrina e seus respectivos desdobramentos para a vida pessoal e em comunidade. Uma das coisas mais legal é que podemos ver também alguns debates que ocorreram ao longo da história da igreja entre os defensores da pureza bíblica com aqueles que se opunham a sã doutrina como Agostinho e Pelágio, Lutero e Erasmo, passando pelas confissões de fé que ajudaram a igreja cristã crescer em maturidade e educação. Sem contar que textos bíblicos são expostos e muito bem explicados . Os 5 pontos do calvinismo são: Depravação Total, Eleição Incondicional, Redenção Particular, Graça Eficaz e Graça perseverante. Ter paixão pela glória de Deus é zelar pela pureza e pela doutrina correta, creio ser com base na Escritura e na história da igreja que as doutrinas graça é um poderoso e eficaz remédio contra o secularismo, mundanismo, pragmatismo, liberalismo e arminianismo.
Terceira parte, final.
Fala do envolvimento do cristão na evangelização exercendo misericórdia para com o necessitado os cristão impactados pelas doutrinas das graça deve se envolver levando a mensagem de Cristo para os que se perdem, o chamado é para todos. Além de mostrar o que o cristão precisa se envolver com a arte e a cultura de modo geral, apesar de vivermos num mundo de pecado, o belo ainda preserva a criação de Deus, um chamado a ver o que arte e a ciência podem revelar o poder de Deus na criação, como seres criados a imagem de Deus somos seres que criam também. A teologia reformada tem implicações em todos os aspectos da vida do ser humano, teologia reformada não se resume apenas 5 pontos é mais do que isso. Deus governa em todas as áreas a igreja, o estado, arte, a cultura tudo é governo por Deus. Onde o Calvinismo opera tudo deve florescer para a Glória de Deus, bem como disse
B.B. Warfield ‘’Ele viu a inefável visão e não deixará desaparecer de seus olhos por um momento sequer Deus na natureza, Deus na história, Deus na graça. Em toda parte ele vê Deus em seu caminhar poderoso, em todos os lugares sente a operação do seu braço poderoso, o pulsar do seu coração.’’

Maxon Nogueira
Soli Deo Gloria

sábado, 26 de agosto de 2017

Por  Thomas Magnum


As religiões de mistério são conhecidas por suas crenças dualistas. O dualismo é a teoria de interpretação que explica determinada situação ou âmbito em termos de dois fatores ou princípios opostos entre si. De modo geral, os dualismos são classificações duplas que não admitem graus intermediários. Basicamente existem três tipos de dualismo: o metafisico, o epistemológico e o religioso. Nesse artigo iremos nos ater ao último, veremos como muitas práticas religiosas de igrejas neopentecostais tem uma filosofia dualista que não condiz com a soberania do Deus revelado nas Escrituras. O dualismo religioso afirma que no mundo, há duas forças mutuamente hostis, sendo que uma delas é a origem de todo bem, e a outra, a origem de todo mal. O tipo de dualismo mais antigo é visto na antiga religião iraniana, geralmente associada ao nome de Zoroastro, em que Ahura Mazda e Arimânio representam a projeção para uma cosmologia do bem e do mal, respectivamente. O universo torna-se um campo de batalha [1].

Das religiões de mistério ao Cristianismo

Podemos realizar uma constatação histórica do dualismo presente tanto no antigo Egito, como nas crenças posteriores, na Grécia e em Roma. Essa involução posterior que chegou ao cristianismo medieval, levou o cristianismo a uma religião do medo que foi arraigada para manter a fidelização, tanto de monarcas como de plebeus. Com a reforma protestante, a ênfase teológica na soberania de Deus foi novamente esboçada na pregação e na pena dos reformadores. Ao seguirmos na história, chegando ao século XX, observamos o ressurgimento de filosofias neoplatônicas sobre o dualismo existencial, consequentemente isso desembocou na religião. Por isso vemos várias formas de dualismo impresso em muitas seitas [2].

Satanás tem poder sobre os crentes?

Tá amarrado, tá repreendido, quem nunca ouviu essas expressões ditas por alguém? Certa vez passava por uma rua e uma mulher que tinha em média trinta e oito anos, repreendia o diabo porque não estava conseguindo fazer uma ligação em seu celular. Em outra ocasião ouvi um testemunho de uma irmã que repreendeu o demônio que estava no cadeado do portão de sua casa. É comum ouvirmos tá amarrado, tá repreendido em nome de Jesus... , palavras mágicas como abracadabra se assemelham a esse processo de esconjurar o demônio. A origem ocultista da palavra abracadabra se dá por um encantamento medieval usado para curar doenças ou afastar problemas iminentes. Acreditava-se que a palavra era especialmente eficaz, quando inscrita num amuleto [3]. A prática de colocar o copo com água sobre a televisão ou rádio para que o “pastor” realize uma oração, amarre e determine,  são amuletos, ocultismo. Palavras usadas de formas mágicas, são amuletos. Não lemos na Bíblia Jesus ou os apóstolos amarrando demônio nenhum. Talvez alguém diga que Bíblia não proíbe, então, podemos fazer. A diferença entre o católico e o protestante é justamente essa, um católico dirá que a Bíblia não fala nada contra venerarmos os santos do passado, logo, podemos venerá-los. O protestante afirma, a Bíblia não ordena a veneração dos santos, logo, não podemos fazer [4].  

Deus é o regente do universo

A Bíblia nos dá abundante prova que Deus é soberano, e que Ele governa todas as coisas. "Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco", I Tessalonicenses 5.18. Observe nesse texto que, tudo que acontece só acontece se for da vontade de Deus. "E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito"Romanos 8.28. E ainda observamos nas palavras de João,"Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca", I João 5.18. Claro que não ignoramos que o Diabo vem para matar, roubar e destruir, mas, somos guardados por Deus; "Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome", João 17.12. "fostes selados com o Espírito Santo da promessa", Efésios 1.13. Mesmo as atuações de Satanás são controladas por Deus, ele não tem o mesmo poder que Deus tem. Satanás é criatura, Deus é criador. Veja a história de Jó, Satanás foi a Deus e quis provar Jó, mas, na realidade era o Diabo que estava sendo provado, Deus sabia quem era o Diabo e quem era Jó: "E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal", Jó 1.8. "Ele é o que remove os montes, sem que o saibam, e o que os transtorna no seu furor", Jó 9.5. "Abaixa, ó Senhor, os teus céus, e desce; toca os montes, e fumegarão". Salmos 144.5. "Deus domina grandiosamente em sua criação; Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Isaías 46.9. Confiai no SENHOR perpetuamente; porque o SENHOR DEUS é uma rocha eterna". Isaías 26.4. 

Os decretos e a Providencia de Deus 

Observamos na Confissão de Fé de Westminster: 

Pela sua muito sábia providência, segundo a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho da sua própria vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória da sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as coisas, desde a maior até a menor.
Ne 9.6; Sl. 145.14-16; Dn 4.34-35; Sl 135.6; Mt 10.29-31; Pv 15:3; II Cr 16.9; At 15.18; Ef. 1.11; Sl 33.10-11; Ef. 3.10; Rom 9.17; Gn 45.5.
Posto que, em relação à presciência e ao decreto de Deus, que é a causa primária, todas as coisas acontecem imutável e infalivelmente, contudo, pela mesma providência, Deus ordena que elas sucedam conforme a natureza das causas secundárias, necessárias, livre ou contingentemente.
Jr 32.19; At 2.13; Gn 8.22; Jr 31.35; Is10:6-7. 
Na sua providência ordinária Deus emprega meios; todavia, ele é livre para operar sem eles, sobre eles ou contra eles, segundo o seu arbítrio.
At 27.24, 31; Is 55.10-11; Os 1.7; Rm 4.20-21; Dn 3.27; Jo 11.34-45; Rm 1.4. 
(CFW, Cap. V - I, II e III.)  

Conclusão 

Defender essa espécie de dualismo cristão, no que diz respeito a um Deus que mede forças com Satanás é heresia. Deus é soberano e tem o controle de tudo em suas mãos. A igreja é de Deus, Ele comprou com seu próprio sangue (Atos 20.28). O que necessitamos mais do que nunca é discernimento Bíblico, conhecimento da Sagrada Escritura, voltemos ao Evangelho. 

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Notas:
[1] Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja cristã, Vida Nova - Walter A. Elwell
[2] Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo, Vida- George Mather e Larry Nichols
[3] Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo, Vida- George Mather e Larry Nichols
[4] O Culto segundo Deus, Vida Nova- Augustus Nicodemus Lopes


Via: 
https://bereianos.blogspot.com.br/2014/03/a-mascara-crista-do-dualismo.html

Maxon Nogueira
Soli Deo Gloria

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Ouvir música secular? Ir no show do Coldplay? Pode?

Ouvir música secular?
Ir no show do Coldplay?
Pode?
Os meus filhos deveriam ir ao show do Coldplay? - Texto de @AllenHood traduzido por Christie Vieira Zon.
Eu normalmente não escrevo posts como este, mas quero compartilhar alguns pensamentos sobre um assunto que todo pai cristão e todo cristão em geral encara.
Contexto: na noite passada o Coldplay veio tocar em Kansas City. Escrevi isso em resposta a uma grande amiga que perguntou a alguns dos seus companheiros do IHOPKC sobre ir ao show de uma banda secular. Ela estava desejosa por retidão em sua vida pessoal e eu a amo por isso! Abaixo está a minha resposta escrita pra ela na tentativa de oferecer alguns dos princípios que tenho usado como pai que precisa tomar decisões baseadas no que eu acredito e vivo, e, especialmente, no que meus filhos acreditam e vivem. Não é abrangente, mas reflete meus pensamentos gerais sobre o assunto. Meu post não tem a intenção de levantar a questão "ir ou não ir a um show específico?", mas sim de fazer uma reflexão sobre a complexidade enfrentada por pais e cristãos enquanto buscam viver num mundo que não é seu lar. Se este post servir pra trazer clareza a uma questão complexa, ótimo. Se você discordar, Deus te abençoe na sua maneira de viver e criar filhos num mundo não redimido como um cidadão dos céus redimido.
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Querida amiga, eu aprecio verdadeiramente o seu zelo pela retidão, mas prefiro não reduzir essa questão a apenas a noite em que a banda mais popular dessa geração, Coldplay, finalmente chegou a KC. Isso me faz lembrar de quando o U2 veio a Tampa (FL) e eu era um cristão de 20 anos de idade. "Joshua Tree" era o álbum mais famoso daquela época e eu não perderia essa chance por nada. Embora naquela época eu não tivesse muita clareza sobre o assunto, como pai, tive de pensar em questões desse tipo pra que pudesse ajudar melhor os meus filhos a tomarem decisões num mundo decaído. Abaixo, cito 4 princípios que uso como base para tomar decisões sobre o que devo ou não ouvir. Eles são os princípios que usei para definir se meus filhos deveriam ir ou não ao show do Coldplay.
1. Eu não traço uma mera linha divisória entre o sagrado e o secular. Não tem como criar esse tipo de categoria amplamente baseada. Será que os eventos esportivos deveriam ser todos riscados da lista de "permitidos"? Será que todos os programas de tv e filmes deveriam ser vetados? Peças da Broadway? Festivais de natal da cidade? Apresentações de orquestras sinfônicas? Passeios em Galerias de arte? E em jardins botânicos? Vamos proibir as pessoas de assistir a palestras TED? E às aulas de artes liberais? Isso é especialmente crítico em relação à música. Eu escuto muitas pessoas em diversas esferas da minha vida que não são cristãs, e eu escuto alguns artistas que não são cristãos. Por exemplo, eu gosto de música clássica, ópera, peças da Broadway, instrumentais, etc. A grande maioria desses trabalhos e dos eventos é produzida por pessoas que não são cristãs. Jesus reconheceu isso quando pediu ao Pai que não os tirasse do mundo, mas que os livrasse do mal. Mas como será que podemos estar no mundo sem ser desse mundo? Quais são os parâmetros para julgarmos as coisas seculares?
2. Penso que 3 adjetivos são particularmente úteis de serem considerados, quando vamos ouvir músicas seculares: é bonita, boa e verdadeira? Essas são as categorias que os filósofos chamam de "transcendentais". Elas são categorias relacionadas ao que significa ser humano ou feito à imagem de Deus (estética, ética e lógica; isto é, amar a Deus de todo o coração, alma, entendimento e com toda força). Elas são representadas na admoestação de Paulo feita a nós pra que pensemos no que é nobre, justo, puro, amável, de boa fama, virtuoso e digno de louvor. Meu filho, Samuel, foi a primeira pessoa a aplicar essas categorias transcendentais à música secular para mim e eu passei a usá-las desde então.
* Belo - a música carrega uma qualidade de beleza e excelência? Kenny G e Andrea Bocelli são bons exemplos de lindas instrumentação e vocalização. Pra ser honesto, eu fico comovido pela beleza que existe na voz de Andrea Bocelli. E isso é verdadeiro também com muitas peças clássicas e instrumentais. A música tem um quê de beleza e excelência humana? É por isso que prefiro assistir ao "The voice" ao invés de um filme de drama policial. Assistir pessoas criadas à Sua imagem cantando é uma coisa linda de se ver. Uma pessoa que não é salva pode, sim, refletir a beleza do design criado por Deus quando canta ou toca um instrumento.
* Bom - a música apresenta uma certa qualidade moral na letra cantada? Nem todas as músicas seculares ou todas as músicas cristãs têm qualidade moral. É por isso que U2 é a banda de maior sucesso da minha geração. Músicas como "Bullet in the Blue Sky", "In the Name of Love" e "Psalm 40" continuam sendo aclamadas como umas das melhores canções dos últimos 30 anos. É por isso que Pedro, Paulo e Maria de "Where Have All the Flowers Gone" mexeram com a geração que resistiu à guerra no Vietnã. A graça de Deus pra todos ainda permite que pessoas não salvas façam leis e expressem uma bondade comum. Assim sendo, a música representa corretamente o propósito de Deus para a humanidade, especialmente quando faz referência à mulher e aos necessitados/fracos/pobres? Ela exalta a luxúria ou a perversão? A letra da música é misógina?
* Verdadeiro - a música reflete temas que apontam para a verdade sobre Deus, criação e humanidade? Essa categoria é o motivo por que artistas como James Taylor tocam profundamente a alma das pessoas, porque ele escreve canções sobre a vida que falam de relacionamentos, amor e perda. Artistas de hip hop como Kendrick Lamar, um crente confesso, escrevem letras duras, de embrulhar o estômago e até mesmo profanas, às vezes, que refletem o ambiente de um bairro de periferia de uma cidade. Escutei 3 ou 4 dessas músicas outro dia com meu filho e fiquei profundamente comovido por meus irmãos e irmãs negros(as). Ouvi muitos sermões sobre raça e racismo e nada quebrou tanto meu coração tanto quanto as letras de Kendrick. Eu ainda peço a Deus que me ajude a responder ao pedido de ajuda feito por essas canções.
3. Relacionamento. Primeiro de tudo, vem o meu relacionamento com o Espírito Santo. De que maneira essa música ou show afetam o meu relacionamento com o Espírito Santo? Tem alguns filmes da Disney que fazem meu espírito enobrecer e alguns filmes de guerra para maiores de 18 anos que me levam à reflexão profunda e à sobriedade. Quais são os efeitos dessa música no meu humor ou no meu espírito, com base no que eu discirno do Espírito Santo? Sei que essa questão é mais subjetiva e mais difícil de descrever, mas é uma verdade muito importante com relação à minha permanência no Espírito de Cristo. Meus filhos descrevem assim: "Pai, eu me sinto fatiado quando escuto essa música." Ela faz você sentir-se depressivo ou luxuriante ou qualquer outro sentimento ou estado emocional negativo?
Em segundo lugar vem o meu relacionamento com meus filhos. Ao passo que eles vão crescendo, eu tento semear neles valores e não regras prontas e rígidas que não permitem que eles se envolvam com artes. Dessa forma consegui levar todos os meus filhos a museus de arte, peças da Broadway, sinfônicas e outros para educá-los e para discutir o significado da vida e propor uma reflexão adequada sobre a criação de Deus o propósito divino que Ele tem para a humanidade. Não estou ignorante do que tem moldado a cultura da geração dos meus filhos, logo dou a eles uma bússola moral e discuto com eles dentro das 3 categorias acima de beleza, bondade e verdade. Eu também escuto músicas de todo tipo para ir além nos meus relacionamentos com minha família. Por exemplo, em minhas férias, nós dançamos juntos ao som de músicas de Michael Jackson (The Jackson 5). Nós rimos e dançamos ao som das músicas dele depois de termos uma conversa em família sobre [o santo espanhol] João da Cruz e de termos nos satisfeito em Deus, somente. Assistir aos meus filhos dançando com sua mãe ao som de Jackson 5 foi lindo. O engraçado é que eu senti a doce presença do Senhor em ambos os momentos.
E terceiro, de que maneira isso impacta os meus outros irmãos e irmãs no corpo de Cristo? Minha liberdade não pode ser a causa do tropeço do meu irmão ou da minha irmã.
4. Proporcionalidade. O que é que molda, primariamente, o meu coração e a minha mente? Enquanto eu posso estar ouvindo e me envolvendo com o mundo secular de muitas maneiras, meu coração, minha mente e minha vontade devem ser moldados pela eterna Palavra de Deus e pelo Evangelho de Jesus Cristo. Eu quero satisfazer a minha alma, antes de tudo, com a beleza, a bondade e a verdade da Palavra de Deus. Portanto, eu não estou conformado com o padrão deste mundo, mas sou renovado pela transformação da minha mente através da Palavra de Deus. A música secular não é a primeira opção no lar dos Hood. A palavra de Deus cantada, escrita, expressa em arte e meditada em momentos de reflexão é que é nossa primeira opção. Eu ainda leio livros escritos por pessoas que não são cristãs sobre figuras e eventos históricos. Eu ainda, ocasionalmente, escuto a peças clássicas mas minha bússola moral, estética e da verdade é calibrada, antes de tudo, a cada manhã enquanto eu medito, canto e oro a Palavra de Deus.
Voltando ao contexto específico do show. Meus filhos (de 17 e 22 anos de idade) foram ao show e eu comprei os ingressos para dois irmãos se conectarem juntos no maior evento de música que aconteceu em Kansas City nos últimos 10 anos. Eu escutei às músicas da banda com os meus filhos e descobri que muitas das delas se encaixam muito bem nas três categorias acima. Nós iremos discutir sobre o show hoje com um senso de diversão e de convicção moral. Eles irão contar sobre qual não foi a sua surpresa quando passaram na bilheteria e seus tickets os levaram direto pra bem próximo do palco. Discutiremos qual é o impacto que Coldplay está deixando nesta geração e como Jesus pode usar meus filhos pra marcar a geração deles através da música e das artes. Aliás, ambos voltaram do show dizendo que foi a apresentação de luz e som mais fantástica que eles já viram na vida. Quer saber o que um dos meus filhos disse hoje de manhã, quando orei por eles antes de sair pela porta pra começar o dia? "Mal posso esperar pra ver a sala do trono de Apocalipse 4. Se ontem à noite foi uma imagem embaçada da luz e do som do que está por vir, então eu quero muito ver o que realmente acontece em torno do trono de Deus!"
Me peguei, como um pai, orando uma oração muito parecida com a de Jesus pelos discípulos, quando os preparava para a vida sem Ele num mundo secular. “Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. Assim como eu não sou do mundo, eles também não são. Que eles sejam teus por meio da verdade; a tua mensagem é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei. Em favor deles eu me entrego completamente a ti. Faço isso para que, de fato, eles também sejam completamente teus.” João‬ ‭17:15-19‬. Como pai, sempre luto entre restringir (um princípio importante de impedir que alguém peque) e dar liberdade (dar a oportunidade a alguém de discernir e fazer escolhas). A tensão é muito difícil de administrar, mas ela precisa estar presente no contexto do temor do Senhor e de um relacionamento vibrante com Ele. Às vezes perdemos a mão, mas não acho que foi o caso dessa vez.
Esse texto não exaure a questão, mas acredito que tenha falado o suficiente e de uma forma sincera. Pode ser que muita gente da IHOP tenha ido ao show por motivos menos nobres e razões menos pensadas. Eu acho que a resposta é dar a eles os princípios necessários para viverem nesse mundo sem que tenham de se comportar como se fossem daqui. Eu acho que limites e regras rígidas não necessariamente produzem discípulos verdadeiros e com discernimento. Que o Senhor nos ajude e nos dê sabedoria em um espírito de humildade, verdade e amor.
Obrigada por levantar essa questão. O seu amor pelo Senhor e sua busca por santidade nos impactam! Deus abençoe!
Allen.

Esse texto foi retirado do perfil de Angelo Bazzo no facebook
https://www.facebook.com/angelo.convergencia/posts/873029702866099

Maxon Nogueira
Soli Deo Gloria

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Holocausto moderno: O Evangelho e o aborto

A PERGUNTA FUNDAMENTAL

A pergunta fundamental que todos temos de responder — e que determina de que modo encaramos o aborto — é a seguinte: o que está dentro do útero? É um ser humano? Ou será meramente um embrião, um feto? Praticamente qualquer outra pergunta e todo argumento na controvérsia sobre o aborto retoma essa indagação: o que, ou quem, está no útero? Uma vez respondida essa pergunta, tudo o mais ganha perspectiva.[1]

Pense nisso. Conforme assinala Gregory Koukl, “Se aquele que ainda não nasceu não for um ser humano, não há necessidade de justificativas para o aborto”.[2] Há quem sustente isso. Essas pessoas dizem que aquele que ainda não nasceu não é uma pessoa ou simplesmente que é uma pessoa com o potencial para se tornar um ser humano (seja lá o que for que isso signifique). Uma vez mais, se isso for verdade, o argumento chegou ao fim. Não há necessidade de justificativas para o aborto.

Contudo, conforme diz Koukl: “Se aquele que ainda não nasceu for um ser humano, não há justificativa adequada para o aborto”.[3] Muita gente diz: “O aborto é um assunto complexo, simplesmente não há respostas fáceis”. Contudo, se o que está dentro do útero materno for uma pessoa, então mesmo que alguém seja favorável ao aborto ou defenda o direito de escolha da mulher pelas mais diversas razões, todo seu raciocínio cai por terra. Seja qual for seu posicionamento atual na questão do aborto, imagine por um momento que aquele que ainda não nasceu é uma pessoa formada e criada pelo próprio Deus. Se isso for verdade, reflita então sobre os argumentos básicos a favor do aborto.

“A mulher tem direito à privacidade com seu médico”. Sem dúvida, temos direito a algum grau de privacidade. Contudo, nossas leis invadem constantemente a privacidade das pessoas quando a vida de outra pessoa está em jogo. Nenhum homem ou mulher tem direito a uma conversa em particular com um médico para conspirar sobre o modo de pôr fim à vida de alguém. Se aquele que ainda não nasceu é um ser humano, cabe-nos protegê-lo a despeito do que isso signifique para a privacidade de alguém.

“A mulher deve ter o direito de escolher”. Todos concordamos, porém, que ninguém deve ter direito de escolha ilimitado. Se uma criança pequena ou um adolescente se tornar um fardo ou for muito dispendioso, isso não dá a seus pais o direito de eliminá-los. Da mesma forma, portanto, em se tratando do aborto, a questão de fato não é se a mulher tem direito de escolha, e sim se essa mulher tem, de fato, em seu útero, um ser humano que, para Deus, é valioso. Se assim for, disso se segue que o dever moral de honrar a vida supera a dificuldade pessoal que possa resultar da gravidez. Decidir pela eliminação de uma vida inocente é, por definição, escolher cometer um homicídio.

De fato, a questão primordial no debate sobre o aborto é a identidade daquele que ainda não nasceu. Vejamos como Gregory Koukl descreve uma menininha chamada Rachel, filha de um amigo da família:
Rachel está com dois meses, mas faltam ainda seis semanas para que ela seja um bebê a termo, ou seja, com seu desenvolvimento completo. Ela nasceu prematuramente quando tinha 24 semanas, no meio do segundo trimestre de gestação da mãe. Quando nasceu, Rachel pesava 710 gramas, mas seu peso caiu para menos de 700 gramas pouco depois. Ela era tão pequena que cabia na palma da mão de seu papai. Rachel era um ser humano pequenino e vivo. Foram tomadas medidas heroicas para salvar a vida dessa criança. Por quê? Porque temos a obrigação de proteger, alimentar e cuidar de outros humanos, especialmente criancinhas que, sem nossa ajuda, morreriam. Rachel era um ser humano vulnerável e precioso. No entanto, veja só, se um médico entrasse no quarto do hospital e, em vez de cuidar de Rachel, tirasse a vida dessa menininha no momento em que ela estivesse mamando no peito da mãe, isso seria homicídio. Contudo, se essa mesma garotinha — a mesma Rachel — ainda estivesse abrigada dentro do útero de sua mãe, a poucos centímetros de distância, ela poderia ser legalmente morta porque se trataria de um aborto.[4].

Para qualquer pessoa razoável, isso não faz sentido algum. O aborto é um absurdo total caso se trate de uma criança no útero da mãe. Tudo — tudo! — gira em torno do que acontece no útero materno, e a Escritura é clara: esse útero abriga uma pessoa que está sendo formada à imagem de Deus. Qualquer distinção entre alguém que ainda não nasceu e uma pessoa (ou entre um ser humano e uma pessoa, por assim dizer) é tanto artificial quanto contrária à Bíblia. Deus vê aquele ser que ainda não nasceu como uma pessoa e o designa para viver desde o momento da concepção. Embora nossa cultura esteja continuamente lutando contra essa ideia, não é possível acreditar na Bíblia e negar que aquele ser que ainda não nasceu seja uma pessoa. No momento em que, como seguidores de Cristo, aceitamos isso, não podemos mais nos sentar passivamente enquanto pessoas são assassinadas impiedosamente no útero de suas mães.

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[1] Estou em dívida nessa seção com um livrinho escrito por Gregory Koukl intitulado Precious unborn human persons (Signal Hill: Stand to Reason Press, 1999), esp. o capítulo 1, no qual me baseei para escrever boa parte da reflexão que se encontra aqui.
[2] Ibidem, p. 7.
[3] Ibidem. A única exceção a isso, obviamente, é quando a vida da mãe corre perigo iminente. Nesse caso, uma das duas vidas humanas será perdida e pode-se decidir pela vida da mãe. Os argumentos nessa seção seguem o livro de Koukl, Precious unborn human persons, p. 8-12.
[4] Ibidem, p. 26-7.
Trecho extraído da obra “Contracultura“, de David Platt, publicado por Vida Nova: São Paulo, 2016, p.85-88. Traduzido por A. G. Mendes. Publicado com permissão.

David Platt iniciou no ministério em 2006, foi pastor da igreja The Church at Brook Hills, em Birmingham, no Alabama, e atualmente é presidente da Junta Internacional de Missões (imb.org). Foi também o fundador de Radical (radical.net), organização voltada a fornecer recursos para o ministério e para servir à igreja no cumprimento da missão de Cristo. É bacharel em humanidades e em jornalismo pela Universidade da Georgia, mestre em divindade e teologia e doutor em filosofia pelo Seminário Teológico Batista de New Orleans. Serviu nesse mesmo seminário como deão da capela e como professor assistente de Pregação Expositiva e Apologética, além de atuar como evangelista da igreja Edgewater Baptist Church, em New Orleans. É autor de Siga-me e Radical. É casado com Heather, com quem tem quatro filhos: Caleb, Joshua, Mara Ruth e Isaiah. Via: http://tuporem.org.br/holocausto-moderno-o-evangelho-e-o-aborto/ Maxon Nogueira Soli Deo Gloria