Um miserável pecador salvo por Jesus Cristo!

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

A História Batista Reformada

Ao se falar na história dos Batistas temos que levar em consideração o termo “Reformados”, isso irá distinguir e focalizar o tipo pela qual será exposto aqui. Porém, ao se falar na história batistas há pelo menos três teorias, começaremos pelas duas teorias que não representam as denominações batistas reformadas confessionais contemporâneas.

A influência anabatista

Muitos batistas pensam que vieram dos Anabatistas provavelmente pela palavra “batista”. Mas esse grupo realmente representa a fé Batista? Os Anabatistas foram uma comunidade de rebeles no período da Reforma, haviam vários subgrupos e diversas controvérsias entre eles, se dividiram em “Anabatistas revolucionários” e “Anabatistas evangélicos”[1], alguns eram a favor do uso de armas como Jan Matthys, um dos líderes dos Anabatistas radicais, se autoproclamava Enoque, e afirmava que a cidade de Münster, na Alemanha, seria a Nova Jerusalém. Matthys, juntamente com seus seguidores, tomou o poder da cidade em 1534, quando se iniciou, então, um regime de terror. Já os Anabatistas “evangélicos” rejeitavam a posição ortodoxa do Cristianismo acerca do pecado[2]. Além disso seguiam a doutrina Romana da justificação, que o homem pode ser justo aos olhos de Deus com base nas próprias obras de Justiça. Alguns negavam que Cristo havia nascido da virgem Maria, dizendo que Ele teve apenas a origem celestial. Acreditavam também que devemos ser separados do mundo, que o cristão não deve nem sequer exercer cargos, esses provavelmente se tornaram os Menonitas[3]. Eles rejeitavam o batismo infantil e afirmavam o batismo de crente, mas o modo era por aspersão, não efusão ou imersão.

Quando olhamos para os Anabatistas devemos concordar que há algumas similaridades com os primeiros Batistas Gerais, mas em geral essas semelhanças eram pequenas e nem sempre conexas. No fim das contas, devemos dizer que esse grupo de Cristãos não reflete os ensinamentos históricos dos Batistas. A maior parte da história dos Batistas nos mostra que eles sempre mantiveram uma forte posição bíblica acerca do pecado, tanto em nossa natureza como em nossas ações; não se trata de uma mera enfermidade. Os Batistas sempre mantiveram sua fé no nascimento virginal e reconhecem que isso implica na doutrina da natureza de Cristo, Deus-Homem, e que tal fato não foi uma mera ilusão celestial. Além disso, apoiaram firmemente a justificação redescoberta pela Reforma — que é baseada unicamente na justiça de Cristo, e não na nossa justiça, pois não há justiça alguma em nós. E finalmente, os Batistas sempre defenderam que as Escrituras devem ser estudadas e aplicadas diariamente pelos fiéis através do poder do Espírito Santo e não devem ser seguidas em uma imitação cega ou uma fé repentina. Portanto, devemos rejeitar, como a história mostra, que os Batistas se originaram dos Anabatistas.

Sucessão Batista

Essa outra teoria, tem poucos adeptos hoje, afirma que as igrejas batistas podem ser traçadas através das eras em sucessão initerrupta de igrejas Batistas até Jesus Cristo e João Batista. Não queremos afirmar que nossa herança Batista não venha de Cristo e das verdades contidas nas Sagradas Escrituras, mas rejeitamos que as verdadeiras igrejas Batistas surgiram no Novo testamento.

Também devemos ser lembrados de que a maioria dos primeiros Batistas rejeitou a teoria do continuísmo. John Smyth foi um desses, como podemos ver em seus escritos: “Nego toda sucessão, exceto a da verdade” e “Não existe continuísmo na igreja visível; toda sucessão vem do céu”[4]. Thomas Helwys, ao falar contra a posição continuísta, disse: “Nenhum homem nunca será capaz de provar isso […] seja isso lançado fora, uma vez que não provêm da Palavra de Deus, que ele ou eles foram os primeiros”[5]. Também, John Spilsbury, um pastor Batista Particular, afirmou: “Não existe sucessão no Novo Testamento, mas sim o que vêm espiritualmente pela fé e pela Palavra de Deus” e “Batistas não são parte de qualquer sucessão de igrejas batistas até os apóstolos, a origem da denominação Batista Particular deve ser datada algum tempo depois de 1633 e o mais tardar em 1638”. Essa última citação nos fornece a maneira correta de olhar para nós mesmos como Batistas. Embora não tenhamos existido desde sempre como a denominação Batista [assim como os Presbiterianos, Congregacionais, Assembleianos, etc.] é sobre a verdade eterna da Palavra de Deus que fomos edificados! Outra vez, somos lembrados disso na Confissão de Fé Batista, capítulo 26.3:

Mesmo as igrejas mais puras sobre a terra estão sujeitas a erros doutrinários e a comprometimentos. Algumas se degeneraram tanto, que deixaram de ser Igrejas de Cristo, e passaram a ser sinagogas de Satanás. A despeito disso, porém, Cristo sempre teve e sempre terá um reino neste mundo, até o fim dos tempos. Esse reino é formado dos que nEle creem e confessam o se nome. Certo, visto que nós os Batistas Particulares, Calvinistas, Confessionais, Pactuais, não viemos dos Anabatistas nem de nenhuma “sucessão apóstolica”, de onde viemos?

Os Separatistas

Viemos do movimento separatista inglês, o Congregacionalismo. Que afirmava que a igreja era formada por redimidos, que não concordavam com a liturgia e hierarquia governamental na Igreja. Foi a partir desse chamado à igreja que surgiu a “denominação Batista” como conhecida hoje, nenhum estudioso renomado contestou isso na ultima metade do século[6].

Batistas Gerais

A primeira igreja dos Batistas Gerais foi fundada em 1608 ou 1609 por John Smyth, na Holanda. Ele foi um ex-clérigo Anglicano que foi preso e por não se conformar com as práticas da igreja da Inglaterra. O motivo de sua revolta foi seu contato com Menonitas em Amsterdã por volta de 1606, foi ai que passou a se opor ao batismo infantil. Então foi convencido de que precisava se batizar como crente e batizou a si mesmo por aspersão, já que era a forma universal de batismo na Holanda e Alemanha[7]. Com a sua morte, muitos de seus membros migraram para a igreja dos Menonitas, mas na Inglaterra Thomas Helwys liderou o pequeno grupo de Batistas Gerais em 1611, rejeitando o Calvinismo e confirmando o “cair da graça”. Em 1624 haviam cinco igrejas Batistas Gerais, em 1650, um total 47.

Batistas Particulares

Os Batistas Particulares foram um grupo distinto, surgiram do movimento separatista por volta de 1630 sob influencia do reformador João Calvino, mantinham forte posilão a favor da Expiação Particular [ou limitada], e por isso levaram esse nome. Fundaram as primeiras igrejas entre 1633 e 1638, chegando a sete igrejas em 1644, essas sete igrejas elaboraram a primeira Confissão de Fé Batista de Londres, que precedeu a Confissão de Fé de Westminster publicada em 1646. Essa primeira confissão rejeitava insinuações de que eles eram Anabatistas, demonstrando que os Batistas Particulares não compactuavam com esses Anabatistas alemães. A segunda confissão foi elaborada em 1677 refletindo a Confissão de Fé de Westminster e a Declaração de Savoy, essa nova Confissão Batista concordava em grande parte com a Confissão de Westminster, com exceção do batismo, governo da igreja, interpretação da doutrina dos pactos e matrimônio. Com o advento do “Novo Mundo”, Batistas Particulares se espalharam pela América criando novas Confissões de Fé Batistas Americanas ainda que menos importantes em essência e história que a Confissão Batista de Londres de 1689, nossa principal confissão de fé.

Igreja reformada sempre refomando

Portanto segue-se que os Batistas Particulares oriundos do movimento puritano e separatista inglês, não advêm de uma sucessão de igrejas do Novo Testamento, nem dos Anabatistas, mas sim do movimento puritano congregacional e da volta ao exame das Escrituras. O lema da Reforma é “Reforma sempre reformando”, jamais consideramos que alguma igreja visível seja “A Santa Igreja”. Os Reformadores inicialmente procuraram reformar uma igreja na qual acreditavam ser o verdadeiro corpo de Cristo. Eles assumiram que tanto o batismo quanto a ordenação da Igreja Romana ainda fossem válidos em certo sentido. Os Reformadores trabalharam para reformar “A igreja”, que já existia. Desse modo, como Batistas cremos que devemos sempre estar retornando às Escrituras, por isso nós Batistas Particulares, Confessionais ou simplesmente Reformados, cremos que estamos consistentes com as verdades bíblicas contidas na Santa Escritura.


Foram usados como fontes:
Uma introdução à história dos Batistas, por Chris Traffanstedt. Disponível em http://www.oestandartedecristo.com

http://www.reformedreader.org/

[1]”Anabaptist Theology” in New Dictionary of Theology [“Teologia Anabatista” Segundo o Novo Dicionário

de Teologia], (InterVarsity Press: Downers Grove, Illinois, 1988), p. 18.
[2] Ibid, p. 18.

[3] Os Menonitas (ou mennonitas) são um grupo de denominações cristãs que descende diretamente do movimento anabatista que surgiu na Europa no século XVI, na mesma época da Reforma Protestante.

[4] J. H. Shakespeare, p. 183. Hudson, The Encyclopedia Americana, III, 219-20, designated 1633 as the year in which the first Particular “Baptist Church was formed in London.”

[5] Citado em H. Leon McBeth The Baptist Heritage, p.60.

[6] H. Leon McBeth, The Baptist Heritage [A Herança Batista], (Broadman Press: Nashville, 1987), p.31.

[5] Whitsitt, Universal Cyclopaedia, I, 489; Whitsitt said, A Question, p. 51, that this church was “the earliest Anabaptist church, that was composed exclusively of English people.” In Agreement with Whitsitt’s interpretation that Smyth baptized himself, Vedder, p. 203, concluded: “Smyth is generally called the ‘Se-Baptist,’ which means that he baptized himself. There can be no doubt that such was the case, since an acknowledgement of the fact still exists in his own handwriting.” Via: https://reforma89.wordpress.com/2016/06/25/a-historia-batista-reformada/ Maxon Nogueira Soli Deo Gloria

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